sábado, 26 de janeiro de 2008

Luís XIV, O Rei Sol



Luís XIV contou aos cortesãos presentes nos seus aposentos uma historieta que deveria provocar risos, mas ao final não se percebeu onde estava a graça, e não houve risos. Logo depois o príncipe d'Armagnac se retirou, e o rei explicou aos outros:
-- O fato que contei pareceu-lhes insípido, e de fato o era. Mas o motivo é que, quando comecei a contá-lo, percebi que um detalhe importante magoaria o príncipe d'Armagnac, e tive de suprimi-lo, pois não quero desagradar a ninguém. Como ele já se retirou, vou contar agora o fato completo.

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Boileau redigiu sua famosa carta sobre a travessia do Reno, e a deu a Luís XIV para ler. Concluída a leitura, o monarca comentou:
-- É muito bela. Mas eu vos louvaria mais se me tivésseis louvado menos.


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Querendo colocar em ridículo um desafeto, um senhor de baixa nobreza disse a Luís XIV:
-- Pode-se fazer um grande livro com as coisas que fulano não sabe.
-- E um livro bem pequeno com as que o senhor sabe.


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Por vezes o próprio rei enveredava pelo campo da arte, mas nem sempre era bem sucedido. E tinha a humildade de reconhecê-lo. Alguém convenceu Luís XIV a fazer versos, e ele acabou compondo um madrigal. Entregou-o ao marechal de Grammont, e pediu:
-- Marechal, leia estes versos. Todos sabem que gosto de versos, e os recebo de muita gente. Veja se há algo mais insípido do que estes.
Depois de lê-los rapidamente, Grammont comentou:
-- Vossa Majestade tem razão. De fato este é o madrigal mais estúpido que eu já li.
-- O autor deve ser um grande imbecil, não acha?
-- Sim, sem dúvida.
-- Bem, o imbecil sou eu, que não devia ter seguido a sugestão de compor versos sem ter talento para isso.
-- Ah, Senhor! Que traição! Deixai-me relê-lo, pois apenas corri os olhos.
-- Não, não! Não se arrependa de ter dito a verdade ao rei, pelo menos uma vez.

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